
Existe uma controvérsia na historiografia norte-rio-grandense a respeito de um chefe nativo, dos potiguares, chamado Poti (Potiguaçu), que ao receber o batismo, passou a se chamar Antônio Felipe Camarão.
Para alguns historiadores, em lugar de um tuixaua, teriam existido dois com o mesmo nome Poti, sendo que o primeiro participou das negociações de paz entre portugueses e potiguares na Capitania do Rio Grande. E o outro, filho dele, se destacou com brilhantismo durante a guerra contra os holandeses.
Olavo de Medeiros Filho, no seu mais recente livro "Aconteceu na Capitania do Rio Grande", divulgou parte de uma carta escrita por Felipe Camarão, que diz o seguinte: "mi Padre fue ator de loss pazes tan desseadas que mi nacion, y gente hizieron com los portugueses".
Antonio Felipe Camarão, ao dizer que seu pai foi o autor das pazes, comprovou a existência de dois chefes potiguares, com o mesmo nome, seu pai e ele.
Segundo o grupo de pesquisadores, o pai seria norte-rio-grandense e o filho teria nascido em terras pernambucanas.
Essa tese, entretanto, não apresenta uma sólida argumentação. A grande prova, apresentada pelos defensores dessa teoria, é, a existência, na Torre do Tombo, em Lisboa, de um depoimento prestado por Antonio Felipe Camarão, num processo instaurado pela Inquisição de Lisboa contra o padre Manuel de Moraes, quando o chefe potiguar afirmou que morava na aldeia de Meratibi.
O historiador pernambucano Mário Mello colocou a aldeia de Meraribi (Miritiba) nas terras de sua família.
Ingenuidade ou simples coincidência?
Pedro Moura constata, através "de uma carta de doação e sesmaria, passada por Ordem do Capitão do Rio Grande na Cidade de Natal, em 28 de fevereiro de 1706, SEBASTIÃO NUNES COLLARES, mais de três léguas de terra de rio abaixo anexados com s que os religiosos Carmelitas já tinham obtido anteriormente. Esta fazenda do Carmo está situada à margem da estrada real que vai da cidade de Assu à cidade de Mossoró, na ribeira do Panema, cujo rio corre e deságua em território exclusivamente rio-grandense do Norte, com o mesmo leito que tinha, quando nasceu, viveu e morreu Potyguaçu.
Após transcrever esse texto, Pedro Moura fez o seguinte comentário: "Foi nessa ribeira do Panema, no seu afluente Meiritupe, que se encontrava a aldeia Meretipe ou Meretibe, aonde residia DOM ANTÔNIO FELIPE CAMARÃO, como diz ele no seu depoimento, no processo do padre MANOEL DE MORAES e foi desse SERTÃO DONDE DESCEU, trazendo consigo todos os índios que lhe eram sujeitos, como todas as suas mulheres e filhos, como diz Calado. Meretibe ou Merebiti, aldeia de potiguares, jamais pertenceu à Capitania de Pernambuco e sim à do Rio Grande. Estava ao lado do rio do mesmo nome, descoberto por GEDEÃO MORRIS, com mais outro dois rios, oo lwypanim e Wararacury, quando lá esteve em 1641".
FONTE - FÁSCÍCIULO Nº 4 - TRIBUNA DO NORTE - O MAIOR E MELHOR JORNAL DO RIO GRANDE DO NORTE
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