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quinta-feira, 11 de março de 2010

O Potiguar Antonio Felipe Camarão

Existe uma controvérsia na historiografia norte-rio-grandense a respeito de um chefe nativo, dos potiguares, chamado Poti (Potiguaçu), que ao receber o batismo, passou a se chamar Antônio Felipe Camarão.

Para alguns historiadores, em lugar de um tuixaua, teriam existido dois com o mesmo nome Poti, sendo que o primeiro participou das negociações de paz entre portugueses e potiguares na Capitania do Rio Grande. E o outro, filho dele, se destacou com brilhantismo durante a guerra contra os holandeses.

Olavo de Medeiros Filho, no seu mais recente livro "Aconteceu na Capitania do Rio Grande", divulgou parte de uma carta escrita por Felipe Camarão, que diz o seguinte: "mi Padre fue ator de loss pazes tan desseadas que mi nacion, y gente hizieron com los portugueses".

Antonio Felipe Camarão, ao dizer que seu pai foi o autor das pazes, comprovou a existência de dois chefes potiguares, com o mesmo nome, seu pai e ele.

Segundo o grupo de pesquisadores, o pai seria norte-rio-grandense e o filho teria nascido em terras pernambucanas.

Essa tese, entretanto, não apresenta uma sólida argumentação. A grande prova, apresentada pelos defensores dessa teoria, é, a existência, na Torre do Tombo, em Lisboa, de um depoimento prestado por Antonio Felipe Camarão, num processo instaurado pela Inquisição de Lisboa contra o padre Manuel de Moraes, quando o chefe potiguar afirmou que morava na aldeia de Meratibi.

O historiador pernambucano Mário Mello colocou a aldeia de Meraribi (Miritiba) nas terras de sua família.

Ingenuidade ou simples coincidência?

Pedro Moura constata, através "de uma carta de doação e sesmaria, passada por Ordem do Capitão do Rio Grande na Cidade de Natal, em 28 de fevereiro de 1706, SEBASTIÃO NUNES COLLARES, mais de três léguas de terra de rio abaixo anexados com s que os religiosos Carmelitas já tinham obtido anteriormente. Esta fazenda do Carmo está situada à margem da estrada real que vai da cidade de Assu à cidade de Mossoró, na ribeira do Panema, cujo rio corre e deságua em território exclusivamente rio-grandense do Norte, com o mesmo leito que tinha, quando nasceu, viveu e morreu Potyguaçu.

Após transcrever esse texto, Pedro Moura fez o seguinte comentário: "Foi nessa ribeira do Panema, no seu afluente Meiritupe, que se encontrava a aldeia Meretipe ou Meretibe, aonde residia DOM ANTÔNIO FELIPE CAMARÃO, como diz ele no seu depoimento, no processo do padre MANOEL DE MORAES e foi desse SERTÃO DONDE DESCEU, trazendo consigo todos os índios que lhe eram sujeitos, como todas as suas mulheres e filhos, como diz Calado. Meretibe ou Merebiti, aldeia de potiguares, jamais pertenceu à Capitania de Pernambuco e sim à do Rio Grande. Estava ao lado do rio do mesmo nome, descoberto por GEDEÃO MORRIS, com mais outro dois rios, oo lwypanim e Wararacury, quando lá esteve em 1641".

FONTE - FÁSCÍCIULO Nº 4 - TRIBUNA DO NORTE - O MAIOR E MELHOR JORNAL DO RIO GRANDE DO NORTE

A Preparação Para Conquistar o RN

A Fortaleza da Barra do Rio Grande, pela sua beleza, impunha respeito. Os holandeses sabiam da importância de cunho estratégico daquele edifício militar. Possuíam, ao mesmo tempo, um certo temor. Começar, então, a recolher o maior número de informações para elaborar um plano eficaz para capturá-la.

A 19 de julho de 1625, o capitão Uzel Johannes de Laet fez um reconhecimento, encontrando no Rio Grande um engenho e muito gado.

Em 1630, Adriano Verbo vinha com a "missão especial de ver, ouvir e cantar", como resumiu Câmara Cascudo. Mesmo com essas informações, os flamengos não se arriscaram a armar uma esquadra e tentar se apossar da fortaleza.

No outro ano, o nativo Marcial, fugitivo dos portugueses, se apresentou ao Conselho Político do Brasil Holandês. Objetivo: realizar uma aliança com os batavos. Fornecendo, naturalmente, preciosos dados aos flamengos. O Conselho Político, contudo, foi prudente... Enviou Elbert Simient e Joost Closte ao Rio Grande, em 1631, para adquirir maior conhecimento da região.

Foi nessa expedição que os batavos conseguiram, por sua sorte, importante dados que se encontravam em poder dos portugueses e que facilitaram, posteriormente, a conquista do Ceará. Os documentos se encontravam com um português chamado João Pereira, que foi morto.

FONTE - FASCÍCULO Nº 3 - TRIBUNA DO NORTE

PORTAL OESTE NEWS - STPM JOTA MARIA

De João R. Colaço à Invasão Holandesa

Esta é uma fase das mais obscuras da História do Rio Grande do Norte, por uma razão muito simples: "nos arquivos do Estado não se encontrava nenhum documento anterior à conquista holandesa. Nesse período, que se estende 1633 a 1654, foram todos destruídos", como narra Tavares de Lyra.

Fica difícil inclusive de se estabelecer a data da posse de alguns governantes. Atualmente foi desfeita a dúvida sobre quem teria sido o primeiro capitão-mor do Rio Grande do Norte: João Rodrigues Colaço, fundador da Cidade do Natal.

A primeira casa que serviu de sede da administração da capitania foi a Fortaleza da Barra do Rio Grande ou, como é mais conhecida, Fortaleza dos Reis Magos. Falando sobre esse fato, disse Luís da Câmara Cascudo: "era a residência do capitão-mor, sendo administrativa, comando militar, quartel e refúgio dos raros moradores. Os soldados moravam dentro do forte e qualquer comoção geral levava os colonos, às carreiras, para as muralhas imponentes que garantiam o avanço no setentrião do Brasil".

Foi nessa fortaleza que moraram e governaram a Capitania do Rio Grande, os capitães-mores, até a invasão holandesa.

Alguns historiadores elaboram listas, procurando estabelecer, por ordem cronológica, os sucessores de João Rodrigues Colaço.

Vicente Lemos escreveu um clássico sobre o assunto: "Capitães-Mores e Governadores do Rio Grande do Norte". Acontece, entretanto, que permaneceram algumas dúvidas.

Varnhagen, Tavares de Lyra, Vicente Lemos e Câmara Cascudo classificam como sendo os primeiros governantes da Capitania do Rio Grande: Manuel Mascarenhas Homem (comandante da expedição que tentaria a conquista), Jerônimo de Albuquerque, João Rodrigues Colaço e novamente Jerônimo de Albuquerque. Equívoco que, felizmente, já foi devidamente esclarecido: o primeiro capitão-mor do Rio Grande do Norte foi Colaço. Manuel Mascarenhas Homem não governou o Rio Grande, apenas foi o capitão da conquista que, por sinal, não houve, porque a posse foi efetivada através de um processo de pacificação...

A lista dos governantes do Rio Grande do Norte começa, portanto, com João Rodrigues Colaço, sendo que Jerônimo de Albuquerque governou apenas uma só vez!

Os sucessores desses dois foram os seguintes: Lourenço Peixoto Cirne, Francisco Caldeira de Castelo Branco, Estevão Soares de Albergaria, Ambrósio Machado de Carvalho. Como sucessor desse último, era apontado, por alguns, Bernardo da Mota. Hoje, o equívoco foi corrigido: o sucessor de Ambrósio Machado de Carvalho foi, na realidade, André Pereira Temudo, que foi nomeado a 18 de março de 1621.

Tavares de Lyra pergunta: "Quem substituiu Francisco Gomes de Melo?", para depois, com base no que escreveu Domingos da Veira, ele mesmo responder: "a ordem de sucessão foi esta: Francisco Gomes de Melo, Bernardo da Mota, Porto Carreiro".

Câmara Cascudo, escrevendo em 1961, confirma Tavares de Lyra. Depois de Francisco Gomes de Melo, os sucessores foram: Bernardo da Mota e Cipriano Porto Carreiro.

Quando os holandeses atacaram o Rio Grande, Pero Mendes de Gouveia governa a capitania.

FONTE - FASCÍCULO Nº 3 - TRIBUNA DO NORTE - O MAIOR E MELHOR JORNAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PORTAL OESTE NEWS - STPM JOTA MARIA

A Nobre Sobriedade de João Rodrigues Colaço

Era militar. Casado com dona Beatriz de Menezes, filha de Henrique Muniz Teles.

Falando sobre o caráter e a personalidade de Colaço, disse Hélio Galvão: "a nobre sobriedade de suas respostas sobre alguns temas, revela um homem de caráter marcado, de personalidade alheia a condicionamentos eventuais".

Olavo de Medeiros Filho informa que "no período de 15 de agosto de 1595 a 15 de março de 1596, era capitão de uma companhia transferida do Recife para a Bahia. A referida companhia, àquela data, retornou a Pernambuco.

Um fato que ninguém pode negar é que João Rodrigues Colaço pode ser considerado um dos primeiros provoadores do Rio Grande, nascido na Europa. Por essa razão é que requereu ao representante do governador geral do Brasil, Manuel Mascarenhas Homem, uma sesmaria, com 2.600 braças, onde possuía inclusive roçados. Tinha, também, escravos da Guiné.

Colaço assumiu o cargo de capitão da fortaleza no dia 24 de junho de 1598, como comprova a "Relação de Ambrósio Siqueira".

Olavo de Medeiros Filho afirma que no "período de 26 de novembro de 1601 a 6 de março de 1602, nenhuma data e sesmaria foi concedida pelo governo de Rodrigues Colaço". Segundo esse autor, provavelmente, nessa época, teria acontecido um conflito entre portugueses e nativos, descrito por Anthony Knivet. O episódio teria acontecido da seguinte maneira: os potiguares, em grande número, cercaram a Cidade do Natal. Aprisionaram e mataram muitos homens. Mascarenhas Homem, ao tomar conhecimento do fato, partiu de Pernambuco e surpreendeu o inimigo que se encontrava, naquele instante, devorando os prisioneiros mortos. Estavam ébrios. E sem a menor condição para reagir. Foram, então, massacrados. Muitos morreram, sendo assassinados a pancadas! O saldo da chacina: cinco mil mortos! O chefe Pirajuva (Barnatana de um Peixe) solicitou e obteve de Manuel Mascarenhas Homem, a paz.

João Rodrigues Colaço, possivelmente, se encontrava ausente da capitania. Não há registro de nenhum envolvimento de Colaço no acontecimento, antes ou depois do ocorrido.

Frei Vicente do Salvador narra, na sua História do Brasil, um fato interessante, que teria se passado durante o governo de João Rodrigues Colaço: o bispo de Leiria condenou um homem a passar três anos no Brasil, "onde tornará rico e honrado". O degredado se casou com uma mulher portuguesa e reuniu uma pequena fortuna. E, ainda, desfrutava da amizade de Colaço e de sua esposa.

Não se sabe, até o momento, de outro feito de João Rodrigues Colaço, a não ser a fundação da Cidade do Natal. Depois de ter concluído o seu governo, voltou para Portugal. Não se tem outras notícias da sua presença no Brasil. Não se sabe, também, onde e quando morreu. Mas a falta de maiores dados sobre a vida de Colaço não justifica, de maneira alguma, a retirada do único momento de glória que ele viveu: ser o verdadeiro fundador da Cidade do Natal.

No momento em que Natal se prepara para comemorar os quatrocentos anos de sua existência, ninguém pode deixar de fazer justiça ao seu humilde, desconhecido, porém, verdadeiro fundador.

FONTE - FASCÍCULO Nº 3 - TRIBUNA DO NORTE

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A IMPONENTE FORTALEZA DOS REIS MAGOS

A fortaleza de madeira não foi construída, como pensava Câmara Cascudo, em um "arrecife a setecentos e cinqüenta metros da barra do Potengi". A razão é muito simples: naquele local, a construção não suportaria o impacto das águas. O edifício, esclarece Hélio Galvão, foi erguido na praia.

A planta da fortaleza, apesar de ser contestada por alguns autores, foi feita pelo padre Gaspar de Samperes. Segundo a arquiteta Jeanne Fonseca Leite, "a concepção 'antropomorfa' dos italianos encontrou acolhida por parte do padre Samperes que a introduziu no seu projeto destinado à construção da Fortaleza dos Reis Magos".

Fortaleza e não forte, Hélio Galvão esclarece a dúvida: "Forte é uma pequena edificação sem guarda permanente. Fortaleza, ao contrário, é um grande edifício com um contingente de soldados permanente. A fortaleza, localizada na barra do Potengi, se destaca pela sua beleza e pela sua imponência. Não poderia ser de maneira alguma um forte'.

Para Hélio Galvão, que pesquisou exaustivamente sobre a Fortaleza, o nome correto seria Fortaleza da Barra do Rio Grande. O problema não é tão simples. Naquela época se usava de maneira indiferente mais de um nome para indicar um prédio público. Aquele edifício pode ser chamado também de Fortaleza dos Reis Magos, o que não pode, certamente é designá-lo por "Forte dos Reis Magos", que por sinal é a versão popular usada de maneira errada pelos cronistas tradicionais.

Os trabalhos de construção da fortaleza começaram no dia 6 de janeiro de 1598. Hélio Galvão explica o seguinte: "O trabalho se desenvolvia entre dificuldades e imprevistos, a ameaça constante de índios e franceses, a atenção dos homens voltada para a vigilância do acampamento. Diríamos que Mascarenhas Homem lançou a pedra fundamental e a partir daí ninguém parou. O material foi chegando, as pedras que vinham de Lisboa lastrando os navios eram guardadas, acumulava-se cal e os implementos imprescindíveis eram providenciados".

A primeira fortaleza, a de madeira, foi concluída no dia 24 de junho de 1598. E tinha, como descreveu Câmara Cascudo, "a forma clássica do forte marítimo, afetando o modelo do polígono estrelado".

Em 1614, o engenheiro-mor do Brasil, Francisco Frias de Mesquita, realizou trabalhos na fortaleza, fazendo pequenas modificações sem alterar a planta original. A obra foi concluída somente em 1628.

FONTE - FASCÍCULO Nº 2 - TRIBUNA DO NORTE

Paz Firmada e Posse Definitiva da Terra

A capitania se chamava, no início, do Rio Grande, passando a incluir "do Norte" quando surgiu outra de igual nome, no Sul do País.

Não houve, no Rio Grande, uma conquista. A expedição de Manuel Mascarenhas Homem estava praticamente derrotada. Os missionários saíram da fortaleza para se transformarem em embaixadores da paz. Um passo significativo nesse sentido foi dado quando os nativos conseguiram distinguir os militares e colonos dos sacerdotes. O padre Francisco Pinto foi, na realidade, o grande e incansável apóstolo. Percorreu o sertão, enfrentou múltiplas vicissitudes. Nos momentos mais difíceis conseguia reunir novas forças graças à sua fé, operando verdadeiros milagres na obra de persuasão.

Primeiro, a catequese e, através dela, o padre Francisco Pinto e seus companheiros missionários procuravam levar os silvícolas para o lado dos portugueses. O padre Pero Rodrigues, numa carta, transcrita por Hélio Galvão, registra o trabalho árduo e difícil dos religiosos. Os padres ajudavam ao exército com os acostumados exercícios da Companhia, que eram "a edificação de todos, pregando, confessando, fazendo amizades e não se negando a nenhum trabalho, de dia e de noite, como no acudir aos índios nossos amigos, que nos ajudavam na guerra, por adoecerem gravemente de bexigas e, quando era possível, acudiam a curar e consolar na morte".

No processo de pacificação, os missionários não agiram sozinhos. Contaram com o apoio de alguns chefes nativos: Mar Grande e Pau Seco, entre outros. Os líderes potiguares foram negociar a paz com os brancos porque as suas mulheres exigiram o fim das hostilidades. Contribuíram também com o processo de cristrianização de seus irmãos ao lado dos missionários.

Não se pode esquecer, igualmente, o desempenho de Jerônimo de Albuquerque que foi de suma importância. Filho de Jerônimo Santo Arco Verde (Ubirá - Ubi) que, por sua vez, era filha do chefe nativo Arco Verde. Mestiço, possuía sangue tupi em sua veia; corajoso e hábil, falando o idioma nativo, desfrutava de grande influência entre os habitantes de todo o Nordeste.

A paz era o anseio das duas facções em luta e as negociações obtiveram êxito. Terminadas as hostilidades, Manuel Mascarenhas Homem partiu para a Bahia, com o objetivo de relatar os acontecimentos ao governador, D. Francisco de Souza que, sem demora, determinou que fossem solenemente celebradas as pazes. Isso aconteceu no dia 11 de junho de 1599, na Paraíba, na presença de muitas autoridades - Mascarenhas Homem; Feliciano Coelho de Carvalho, ouvidor-mor geral, e Brás de Almeida; de diversos chefes nativos; do intérprete frei Bernadino das Neves e do apóstolo dos potiguares, padre Francisco Pinto. As pazes foram finalmente ratificadas e estava assim assegurada a posse definitiva da terra, ou mais precisamente da Capitania do Rio Grande.

Um presente dado por Felipe II ao império lusitano ...

FONTE - FASCÍCULO Nº 2 - TRIBUNA DO NORTE

A Expedição de Manuel Mascarenhas Homem

A conquista do Rio Grande não se apresentava como sendo uma tarefa fácil. E foi por assim compreender que D. Francisco de Souza, governador-geral do Brasil, determinou que o capitão-mor de Pernambuco, Manuel Mascarenhas Homem, tomasse todas as providências para que se organizasse uma grande expedição militar com o objetivo de que as ordens de Filipe II fosse executadas. Assim foi feito. Uma poderosa expedição foi organizada. Desta, uma parte iria por mar com uma esquadra formada por sete navios e cinco caravelões, sob o comando de Francisco de Barros; e outra seguiria caminhando por terra, liderada por Feliciano Coelho, capitão-mor da Paraíba.

Manuel Mascarenhas Homem assumiu o comando geral, agindo com o máximo de empenho para que nada faltasse a fim de que os objetivos fossem alcançados: expulsar os franceses, construir uma fortaleza e fundar uma cidade. Participaram da jornada um grupo de religiosos: os jesuítas Gaspar de Samperes (autor da planta da futura fortaleza) e Francisco Lemos, e mais dois franciscanos - Bernadino das Neves, que funcionava como intérprete, e João de São Miguel.

Narra Câmara Cascudo: "Feliciano Coelho partiu por terra com as quatro companhias pernambucanas e uma paraibana capitaneada por Miguel Álvares Lobo, num total de 178 homens e 90 indígenas guerreiros de Pernambuco e 730 da Paraíba, com seus tuixauas prestigiosos e bravos: Pedra Verde (Itaobi), Mangue, Cardo-Grande etc. a 17 de dezembro de 1597 o exército marchou. Mascarenhas viera com as naus".

Acontece que as forças terrestres foram atingidas pela varíola, sendo obrigadas a retroceder, com exceção de Jerônimo de Albuquerque que se uniu à expedição marítima. Havia uma justificativa: Jerônimo desfrutava de grande prestígio entre os nativos.

A viagem pelo mar continuou e, no caminho, sete naus franceses fugiram para evitar um confronto com a esquadra lusitana.

No dia 25 de dezembro, a frota luso-espanhola atingia o rio Potengi. No final do ano de 1997 esse fato completa exatos quatrocentos anos.

A primeira providência dos invasores foi fazer um entricheiramento com varas de mangue para que pudessem se defender das investidas dos potiguares. Medida acertada, porque não demorou muito os nativos atacaram com toda violência. Era a guerra que começava. Com o passar dos dias, os luso-espanhóis começaram a perder terreno no conflito armado. A situação se agravou a tal ponto que ficou crítica, como narrou Vicente Salvador: "Depois de continuar os assaltos que puseram os nossos em tanto aperto que esacassamente podiam ir buscar água para beber a uns poçozinhos que tinham perto da cerca".

O quadro era muito triste: mortos, feridos e doentes. O clima ficava, a cada momento, mais insustentável. Foi quando, providencialmente, chegou Francisco Dias com reforço, evitando uma humilhante derrota. Servindo para que os luso-espanhóis pudessem manter a posição onde se encontravam. Não fosse a chegada de Feliciano Coelho, que partiu da Paraíba com mais soldados, armas e municões, tudo estaria perdido. A situação, ainda assim, continuava delicada. Era preciso negociar a paz com urgência.

FONTE - FASCÍCULO Nº - TRIBUNA DO NORTE

O Interesse de Filipe II Pelo Rio Grande

Os franceses se fixaram no litoral potiguar sem necessidade de dominar o nativo e, justamente por essa razão, tiveram a população local como aliada. Escondiam suas naus no rio Potengi e, de sua base, se lançavam contra os colonos portugueses que se encontravam na Paraíba. O Rio Grande era, de fato, uma área estratégica. Da região, os franceses podiam se deslocar para o norte e igualmente para o sul.

Filipe II, ao anexar Portugal e suas colônias, sentiu a situação de abandono em que estava parte do Nordeste e todo o Norte do Brasil. E o que era pior: a constante ameaça que representava a permanência dos franceses no Rio Grande. Tendo em vista essa situação, o monarca não perdeu tempo. Através de duas Cartas Régis (9 - 11 - 1596 e 15 - 03 - 1597), determinou a expulsão do inimigo e que fosse construída uma fortaleza e ainda, fundada uma cidade. Em síntese: conquistar o Rio Grande, consolidando tal feito através da colonização. Por essa razão, um fato deve ficar bem claro: a expulsão dos franceses do Rio Grande foi uma iniciativa de Filipe II, o que significa dizer, hispânica.

FONTE - FASCÍCULO Nº 2 - TRIBUNA DO NORTE

A Era Lusitana e o Marco de Posse

A primeira expedição que alcançou terras potiguares foi a de 1501. Essa viagem, iniciada no dia 10 de maio de 1501, se encontra envolvida em controvérsias. A começar sobre quem a teria comandado. Alguns nomes são apresentados: D. Nuno Manoel, André Gonçalves, Fernando de Noronha, Gonçalo Coelho e Gaspar de Lemos - o nome mais aceito. Quem participou também dessa expedição foi Américo Vespúcio.

Após sessenta e sete dias de viagem, foi alcançado o Rio Grande à altura do Cabo de São Roque e, segundo Câmara Cascudo, ali foi plantado o marco de posse mais antigo do País, registrando-se, na ocasião, contatos entre portugueses e potiguares.

O povo, por causa dos desenhos em forma de cruz no Marco de Posse, acreditou ser ele milagroso, surgindo assim, um culto. Oswaldo Câmara de Souza disse o seguinte: "O culto popular chegava às raias do fetichismo, havendo a crença absurda do que um chá preparado com fragmentos da pedra tinha poderes milagrosos, trazendo alívio e cura às mazelas do corpo e do espírito".

Nesse período, o governo lusitano, verificando que o litoral brasileiro estava sendo visitado por corsários, entre eles aventureiros franceses, resolveu enviar expedições militares para defender sua colônia. Foram as chamadas expedições guarda-costas, sendo consideradas as mais marcantes aqueles que vieram sob o comando de Cristóvão Jacques, entre 1516 a 1519 e 1526 a 1528. Uma iniciativa ingênua, considerando a imensa extensão do litoral. É o próprio Cristóvão Jacques que sugere o início do povoamento como solução para resolver o problema. Eminentes portugueses aprovaram e defenderam a idéia. D. João III, então envia uma expedição colonizadora chefiada por Martim Afonso de Souza.

A base estava lançada e em 1532 fundava-se São Vicente, no Sudeste do País, o que era muito pouco pois o Brasil possuía dimensões continentais. Cristóvão Jacques, entre outras coisas, sugere que se aplicasse no Brasil um sistema que já vinha sendo feito nas ilhas do Atlântico: o das Capitanias Hereditárias. Uma, na realidade, já havia sido criada em 1504 por D. Manuel, a de Fernando de Noronha. D. João III adota oficialmente o sistema no Brasil, criando quatorze capitanias no período compreendido entre 1934 e 1936. Entre elas, a de João de Barros, no futuro Rio Grande, como lembra Câmara Cascudo, "começando da Baía da Traição (Acejutibiró, onde há cajus azedos, segundo Teodoro Sampaio), limite norte da Donatária Itamaracá, pertencente a Pero Lopes de Souza, até a extrema indefinida".

A capitania possuía cem léguas de extensão. Em 1535, João de Barros, Aires da Cunha e Fernão Álvares prepararam a maior esquadra particular que havia saído do Tejo até aquele momento:" Com cinco naus e cinco caravelas, novecentos homens e mais de cem cavalos". O comando coube a Aires da Cunha. O governo investiu também nessa expedição: "D. João III emprestara artilharia, munições e armas retiradas do próprio Arsenal Régio", informa Câmara Cascudo. Por essa razão, muitos eram de opinião que Aires da Cunha pretendia, além de fundar colônias no Norte do Brasil, atingir o Peru pelo interior... Formando mais uma controvérsia ...

Varnhagen fala de um conflito entre nativos e portugueses à altura do rio Ceará-Mirim, Câmara Cascudo nega o incidente, afirmando que Varnhagen "arquitetou tal viagem". É taxativo: "Aires da Cunha nunca esteve no Rio Grande do Norte". Passando pelo litoral potiguar, o navegante seguiu viagem rumo ao Norte.

A expedição foi um fracasso total com a morte de Aires da Cunha. Os portugueses conseguiram fundar, ao Norte, o povoado de Nazaré, onde permaneceram três anos. Morreram setecentos homens. Os expedicionários partiram em busca de melhor sorte. Os resultados, porém, foram péssimos. Alguns foram jogados nas Antilhas; outros atingiram Porto Rico. E um grupo formado por São Domingos e João de Barros conseguiu reaver seus filhos que, quando regressavam de Nazaré, numa tentativa infrutífera, procuravam colonizar o Rio Grande. Foi nessa oportunidade que teria ocorrido o conflito entre potiguares e lusitanos, mencionado por Varnhagen. Mesmo fracassando, essa foi, na opinião de Câmara Cascudo, "a primeira tentativa de colonização no Rio Grande do Norte"
FONTE - FASCÍCULO N° 2 - TRIBUNA DO NORTE

Os Franceses no Rio Grande do Norte

Quando os franceses foram expulsos do Sul do País seguiram rumo ao Norte, mantendo um ativo comércio com os nativos. Não conseguiram no entanto instalar uma colônia. Chegaram a contar com um intérprete: "Um castelhano tornado potiguar, beiço furado, tatuado, pintado de jenipapo e urucu, falando o nheengatu em serviço dos franceses com os quais se foi embora", narrou Câmara Cascudo. A base deles era o Rio Grande do Norte.

Os franceses passaram a fazer investidas contra a Paraíba, com o apoio dos potiguares. O ataque mais audacioso se realizou entre 15 a 18 de agosto de 1597. Portanto treze navios, o embate se deu com a fortaleza de Santa Catarina de Cabedelo, sob o comando do aventureiro Jacques Riffaul, que desembarcou trezentos e cinqüenta homens. E mais: "Vinte outras naus reforçaram a investida, esperando a ordem no rio Potengi". Não foi um simples assalto de corsários, mas se constituiu uma verdadeira batalha. A fortaleza foi defendida por apenas vinte soldados. A artilharia contava com cinco peças. Os portugueses resistiram ao ataque, forçando os franceses a baterem em retirada.

Vilma Monteiro analisa a importância dessa vitória: "Determina os novos rumos da conquista da região Norte. Permite a posse efetiva da Capitania do Rio Grande, seu povoamento e colonização, com isso abrindo as portas para a expansão civilizadora sobre novos territórios".

Os franceses, diante desse quadro, ameaçavam a Paraíba; após a caída desta, a próxima conquista seria Pernambuco ...

Foram eles que iniciaram o processo de miscigenação entre europeus e americanos na região. Dois aventureiros se destacaram: Charles de Voux e Jacques Riffault. Ainda hoje um local guarda no nome a lembrança de Riffault, no bairro do Alecrim em Natal, onde se ergueu a Base Naval (Refoles).

FONTE - FASCÍCULO Nº 2 - TRIBUNA DO NORTE, NATAL

Controvérsias Sobre a Presença Espanhola

A prioridade da descoberta do Brasil continua sendo uma questão polêmica. Para alguns estudiosos, os espanhóis chegaram primeiro. Varnhagen, por exemplo, defende que Alonso de Ojeda teria atingido o delta do Açu no Rio Grande do Norte. Outros autores concordam que o navegador espanhol visitou o Brasil, divergindo apenas do local. "Vinguand discorda e aponta como sendo o local correto as proximidades do Cabo de São Roque". Capistrano de Abreu e outros autores negam que Ojeda tivesse passado pelo Brasil.

A viagem de outro navegante espanhol também é alvo de discussões. Parece que Vicente Yañez Pinzon teria realmente vindo ao Brasil. Robert Southey chegou a afirmar o seguinte. "A primeira pessoa que descobriu a costas do Brasil foi Vicente Yañez Pinzon".

Segundo os cronistas, no dia 26 de janeiro de 1500, Pinzon chegou a um lugar que denominou de Santa Maria de la Consolación. A controvérsia que existe é sobre onde ficaria essa Santa Maria de La Consolación. Para uns, seria o cabo de Santo Agostinho. Varnhagen indica a Ponta de Mucuripe. Guanino Alves, que pesquisou a viagem de Vicente Pinzon, discorda e indica a ponta de Itapajé, no litoral norte do Ceará, como o local certo. O fato é que o navegante hispânico tomou posse da terra em nome da Espanha. E deu à região visitada o nome de Rostro Hermoso. Depois, Pinzon se dirigiu para o Norte, chegando até a foz do rio Amazonas, que denominou de Santa Maria de la Mar Dulce.

Outro navegador espanhol que provavelmente passou pelo Rio Grande do Norte foi Diego de Lepe e, segundo alguns pesquisadores, teria atingido a enseada do Açu.

Apesar das controvérsias, não se pode negar que os espanhóis antecederam aos portugueses na descoberta do Brasil, considerando que estiveram no País antes de abril de 1500.

FONTE - FASCÍCULO Nº 2, ENCARTE DO JORNAL TRIBUNA DO NORTE, NATAL-RN

AS ORIGENS DO HOMEM AMERICANO

O Homem, quando chegou ao continente americano, já havia passado por uma longa evolução, desde o aparecimento do Homo Erectus, que viveu há 1,7 milhão de anos até 200 mil anos atrás. Pertencia ao grupo do Homo Sapiens. Não há, até o presente momento, unanimidade sobre a origem dos primeiros povos que colonizaram a América, mostrando ser assim um problema complexo. Diversas teorias abordam a questão, sendo a mais aceita aquela que defende terem os primeiros homens vindos da Ásia, através do Estreito de Bering, atingindo a América do Norte durante a última Era Glacial. Um grande volume de águas retidas nas geleiras provocou o abaixamento do nível das águas do mar, fazendo surgir uma ligação terrestre entre a Ásia e América. Segundo a pesquisadora Betty J. Meggers, "a mais antiga ponte terrestre existiu entre cerca de 50.000 e 40.000 anos atrás e foi usada por várias espécies de mamíferos do Velho Mundo (...) Após um intervalo de submergência que durou uns 12.000 anos, a ponte reapareceu entre cerca de 28.000 e 10.000 anos atrás". Nesse período, contudo, uma camada de gelo surgiu como obstáculo à passagem humana durante alguns milhares de anos. Acontece que, como esclareceu Meggers, "no decorrer de alguns milênios, antes que os segmentos de Leste e Oeste se fundissem e um corredor se abrisse novamente a ponte terrestre foi transitável." Permitindo, assim, a caminhada humana. Foi aproveitando essa oportunidade que os asiáticos teriam penetrado no continente americano.

Existem provas de caráter antropológico, etnográfico e lingüístico a favor da teoria asiática, mas Paul Rivet acreditou que essa não foi a única via de acesso do homem ao continente americano. Essas provas se restringiram a uma região, a parte setentrional da América do Norte, segundo Rivet. É justamente por essa razão que ele defende uma origem múltipla: os australianos teriam invadido a região mais meridional da América do Sul. Para Rivet, portanto, uma das influências étnicas que podem destacar-se na América é de origem australiana. Sua ação, por discreta e limitada que tenha sido, loga impor-se pela antropologia, pela lingüística e pela etnografia". Acredita ainda esse cientista que uma parte da América foi povoada pelos polinésios, apresentado provas lingüísticas, culturais e tradicionais.

Paul Rivet é de opinião que o Atlântico funcionou como uma barreira intransponível para que o homem chegasse até ao continente americano e que, "ao contrário, o litoral do ocidente da América foi permeável a migrações múltiplas, em toda a sua extensão. O Pacífico não se tornou de forma alguma um obstáculo. Foi, sim, um traço de união entre o mundo asiático, a Oceania e o Novo Mundo".

A teoria da origem múltipla de Raul Rivet foi defendida por alguns, porém combatida pelos seus adversários. A verdade é que, apesar do avanço nessa discussão, a questão ainda não foi totalmente solucionada.

A controvérsia não atinge apenas a via de acesso, mas igualmente a época em que os primeiros colonos povoaram a América. Para Betty Meggers, "as discordâncias surgem das informações esporádicas inconclusivas, da presença do homem do Novo Mundo entre 40.000 e 12.000 anos passados, datação que alguns autoridades aceitam e outras não."

O certo é que o "homem entrou no Novo Mundo enquanto estava ainda subsistindo à base de plantas e animais selvagens", nas palavras da mesma autora. Esse homem, ao migrar para outras regiões, caminhou a pé. Teria ocorrido, desse modo, várias migrações.

As primeiras comunidades agrícolas surgiram no México, na América Central, Equador e Bolívia. Viviam em pequenos bandos. Eram caçadores e coletores. À medida em que avançavam para o sul, segundo os que acreditam na origem única, asiática, as comunidades foram passando por mudanças, com o objetivo de se adaptarem ao novo ambiente. Essas adaptações foram importantes para o desenvolvimento dos diversos grupos.

A agricultura promoveu uma verdadeira revolução. Posteriormente, surgiram grandes civilizações: Astecas, Maias e Incas.

FONTE - FASCÍCULOS DO JORNAL TRIBUNA DO NORTE, NATAL-RN

MIGRAÇÃO PARA AS TERRAS BRASILEIRAS

Com relação à presença dos primeiros homens no Brasil, existe também uma grande controvérsia. A ocupação de terras brasileiras pelo homem ocorreu entre 9.000 e 11.300 anos, segundo alguns pesquisadores. Outros defendem uma data bem mais remota. Aos poucos é que o quadra vai se delineando. Constataram-se, pelo menos, duas áreas de influência - a Bacia Amazônica e outra compreendendo o Planalto Central do Brasil - que foram ocupadas através de vagas sucessivas, até chegar ao Rio Grande do Norte" por um processo de migração que permitiu culturas estabelecidas em determinadas áreas fossem substituídas por outras, no decorrer de milênios e até séculos", de acordo com Tarcísio Medeiros.

Em síntese, o homem primitivo teria seguido o seguinte roteiro: Andes, Planalto do Brasil, Nordeste e, finalmente, o Rio Grande do Norte.

O centro de dispersão dos tupis, segundo o mesmo autor, aconteceu no "istmo do Panamá. Desse ponto, um ramo alcançou a foz do Amazonas; do outro rumou para o Nordeste brasileiro; e um terceiro desceu o Tapajós, o Madeira e iniciou uma migração pelo Xingu acima".

FONTE - FASCÍCULOS DO JORNAL TRIBUNA DO NORTE, NATAL-RN

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Etnias Mais Recentes e Áreas Ocupadas

O litoral norte-rio-grandense, na época da descoberta do Brasil, era habitado pelos tupis, originários do Paraguai e do Paraná. Falavam o abanheenga que, segundo Varnhagen, era uma língua aglutinativa, porém, com reflexões verbais. Receberam o nome local de potiguares.

Tarcísio Medeiros descreve o tipo físico dos potiguares: "tinham o porte mediano, acima de 1,65 cm, reforçados e bem feitos no físico, olhos pequenos, negros, encavados e erguidos, amendoados (...), eram mais ou menos baços, claros. Pintavam o corpo com desenhos coloridos (...), furavam os beiços".

Os tapuias, que moravam no interior, foram descritos da seguinte maneira, por Olavo de Medeiros Filho: "as mulheres eram, indistintamente, pequenas e mais baixas de estatura que os homens. Possuíam a mesma cor atrigueirada, sendo muito bonitas de cara, obedecendo cegamente aos maridos em tudo que fosse razoável".

E, mais adiante, acrescenta: "os tapuias andavam inteiramente nus. Não usavam barbas e depilavam sistematicamente todos os pêlos surgidos no corpo, inclusive as sobrancelhas (...) Os tapuais pintavam hediondamente o corpo com tinta extraída do fruto de jenipapo, a fim de adquirirem um aspecto terrível nos combates".

Tarcísio Medeiros apresenta a seguinte classificação da população nativa, formada por diversas nações, na época da descoberta do Brasil:

Litoral: potiguares.

Serído: arius, cariris, panatis, curemas, pebas e caicós

Chapada do Apodi: paiacus, cariris, pajéus, pegos, moxoiós e canindés.

Zona Serrana: pacajus, panatis, icós e parins.

FONTE - FASCÍCULOS DO JORNAL TRIBUNA DO NORTE, NATAL-RN

Tese Ousada: Cabral no Litoral Potiguar

Lenine Pinto, pesquisador norte-rio-grandense, afirma que a expedição de Pedro Álvares Cabral, que descobriu o Brasil, ao contrário do que se tem dito até hoje, teria pela primeira vez atingido o Brasil provavelmente na praia de Touros, em abril de 1500.

Klécius Henrique, repórter da TRIBUNA DO NORTE que entrevistou o escritor, escreveu o seguinte: "Lenine Pinto argumenta que Cabral em sua viagem rumo à Índia teria seguido a volta do mar numa manobra a partir do Cabo Verde, a oeste, coroneando a corrente subequatorial do Atlântico que se bifurcava no Cabo de São Roque, numa aproximação dramática do litoral potiguar, onde teria aportado em 22 de abril de 1500".

Lenine Pinto desenvolveu, entre outros, o seguinte argumento: "João da Nova, em 1501, quando saiu à procura de Cabral, de Cabo Verde, levou trinta dias para chegar ao cabo de São Roque. Como Cabral, no mesmo tempo, chegaria ao sul da Bahia?

"A duração da viagem de Cabral, Portugal-Brasil, é muito importante. É preciso, portanto, saber o tempo que se gastaria para realizar a viagem Portugal-Touros e a viagem Portugal-sul da Bahia, naquela época.

Lenine diz ainda o seguinte: "Há muitos locais no RN semelhantes aos narrados por Caminha na carta ao rei D. Manuel". Acontece que fica difícil acreditar que os historiadores não tenham percebido antes o erro, afirmando que o lugar atingido por Cabral foi o sul da Bahia. A distância é muito grande. Como explicar tal equívoco?

A tese foi lançada. A dúvida poderá ser dissipada quando Lenine Pinto publicar o seu livro "Reinvenção do Descobrimento do Brasil"
FONTE - FASCÍCULOS DO JORNAL TRIBUNA DO NORTE, NATAL-RN

OS SIGNIFICADOS DAS INSCRIÇÕES RUPESTRES

Os primeiros habitantes do Rio Grande do Norte deixaram nas rochas e nas paredes das cavernas sinais incisos ou pintados. Em alguns sítios, existem apenas inscrições rupestres incisas (Fazenda Umburana, região do Abernal, município de Serra Negra-RN) e em outros locais encontram-se, no mesmo painel, inscrições incisas e pinturas (Fazenda Soledade, Apodi-RN).

Na atualidade é praticamente impossível saber quais foram os autores de tais legados. Mesmo assim, diante desse contexto, ainda se pode tirar algumas conclusões. Em primeiro lugar, é provável que tenham ocorrido dois estágios culturais. O mais primitivo estaria representado, pelos desenhos incisos. O outro estágio, mais desenvolvido, estaria caracterizado pelas pinturas que requeriam uma técnica mais complexa a elaboração de tintas. Para comprovar tal afirmação é suficiente apontar como exemplo o sítio que existe na Fazenda Flores, no município de Apodi-RN), onde os traços incisos eram feitos no chão e numa rocha, larga na base e que vai se estreitando à medida que sobe. Na rocha também há pinturas representando pares de mãos. Outro detalhe: os incisos estão quase apagados e grosseiramente desenhados. As mãos pintadas, porém, são muito bem feitas e apresentam grande nitidez Esse sítio poderia ser o testemunho de uma evolução cultural.

Outra questão que se discute - e esta é universal - seria o significado, ou seja, o que representariam ser de fato as inscrições rupestres: arte, escrita ou símbolos religiosos.

Existe, em princípio, uma dificuldade: como interpretar o pensamento do homem primitivo pelas pessoas que vivem no século XX? É possível ao homem contemporâneo penetrar na mentalidade de um ser nascidos séculos e séculos atrás? Por essa razão torna-se necessário fazer um esforço para recuar no tempo e se despir da cultura na qual o pesquisador nasceu e vive. Seria isso possível?

Esse é um problema de difícil solução, que exige muita competência e humildade por parte do pesquisador. Uma saída, provavelmente, é pesquisar os caracteres daqueles povos que tiveram sua escrita decifrada. Estudar, por exemplo, os Astecas (México) que possuíam uma escrita "pintada" e uma fonética. A escrita estava ligada aos sacerdotes, como na Suméria. O significado, no dizer de Córdova Ituburu, era determinado pela deformação de certas partes e das cores. Os sacerdotes daquele povo lidavam com caracteres simbólicos secretos. O conteúdo religioso de determinados símbolos não invadia a tese da escrita Richard E. Leakey estava certo quando disse que "as amostras de ocre que parecem em diversos sítios da Europa de 200 mil anos ou mais de idade, certamente, sugerem ornamentação ritual das pessoas e dos artefatos. Ritual e simbolismo aludem francamente à competência lingüística".

Tudo leva a crer que as inscrições rupestres que existem no Rio Grande do Norte constituem de fato uma escrita. Diferente, naturalmente, de que se usa na atualidade. Mas com certeza era um instrumento de comunicação. Os autores das inscrições possivelmente desenhavam ou pintavam para transmitir uma mensagem. O seu significado se perdeu no tempo, mas não pode ser considerado arte, porque tais caracteres não eram produzidos para deleite espiritual, nem para expressar o belo. A razão disso é muito simples: o homem primitivo, pelas dificuldades que enfrentava para sobreviver, era prático e rude. Quando sentia fome procurava resolver de imediato o seu problema. Não tinha condições de praticar uma atividade voltada para o embevecimento espiritual. Havia sim, grande necessidade de se comunicar.

A reprodução de um objeto através de um desenho é uma tentativa de fazer referência a algo que impressiona, de mostrar a outro ou a uma comunidade o valor daquele objeto. Traços em formas de barras ou então círculos ou pontos podem significar elementos de contagem. Mas na mente do homem primitivo poderiam também ter outra significação qualquer. Uma conclusão pode ser considerada como certa: eles desenhavam ou pintavam para transmitir uma mensagem. E naqueles tempos difíceis para a humanidade, a comunicação, certamente, era fundamental para a sobrevivência de um grupo, de todo o gênero humano...

FONTE - FASCÍCULOS DA TRIBUNA DO NORTE, NATAL RN

os primitivos habitantes do rio grande do norte

O Rio Grande do Norte foi habitado pelos animais da megafuna na era Cenozóica e, dos estudos realizados sobre o assunto, é possível chegar a duas conclusões, como disse Tarcísio Medeiros:

"a) A extinção dos grandes mamíferos processou-se mais recentemente do que se supõe em partes dessa região."

"b) Que a presença do homem, em comum com esses animais da megafauna no mesmo território, é mais antiga do que se considera habitualmente".

Exemplo dessa presença humana no Nordeste: Chá do Caboclo (Pernambuco).

Os primitivos habitantes eram formados pelos grupos de caçadores e coletores. Os homens contemporâneos da megafauna deixaram vestígios que se encontram nos sítios Angicos e Mutamba II. Diversos estudos arqueológicos foram feitos pelo Museu Câmara Cascudo, tendo à frente o pesquisador A. F. G. Laroche que, com suas investigações, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte, forneceu importantes subsídios para a pré-história nordestina. Nássaro Souza Nasser e Elizabeth Mafra Cabral analisaram as inscrições rupestres do Estado, publicando posteriormente um estudo sobre o assunto. A arqueóloga Gabriela Martín, da Universidade Federal de Pernambuco, pesquisou intensamente as inscrições rupestres do Rio Grande do Norte, resultando em estudos como o intitulado "Amor, Violência e Solidariedade no Testemunho da Arte Rupestre Brasileira". Participou também do "Projeto Vila Flor", financiado pelo SPAN/Pró-Memória, cujo objetivo era o "estudo arqueológico e levantamento da documentação histórica da Antiga Missão Carmelita de Gramació". A mesma pesquisadora recentemente publicou um livro sobre a pré-história do Nordeste.

Na fase Megalítica, os homens se tornaram sedentários. O pesquisador Nássaro Nasser descobriu as "Tradições Cerâmicas", chamadas de Papeba e Curimataú. O professor Laroche, por sua vez, encontrou vestígios de diversas culturas pré-históricas, sendo a mais antiga do sítio "Mangueira", em Macaíba.

O professor Paulo Tadeu de Souza Albuquerque, coordenador do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Larq/UFRN), realizou uma série de pesquisas, trazendo novas luzes sobre o longínquo passado potiguar. Participou de escavações realizadas na Fortaleza dos Reis Magos e na antiga catedral, onde encontrou o túmulo de André de Albuquerque Maranhão.

Alberto Pinheiro de Medeiros, coordenando investigações de alunos da UFRN, enveredou por outras vertente sobre o tema pesquisado, chegando a sistematizar uma alternativa - descrita no item sobre as inscrições rupestres, mostrado a seguir que poderia ser acrescida às conclusões já apresentadas sobre os primeiros habitantes do Rio Grande do Norte.

FPNTE: FASCÍCULOS DO JORNAL TRIBUNA DO NORTE, NATAL-RN

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